domingo, 8 de junho de 2014

"Eu" ou "O silêncio e a ausência"


Por Mariah Silvestre


Quando acordei eu já sabia, eu sabia que não teria desculpa, nem perdão, nem segunda chance.
Eu sabia que esse era o erro fatal, dentro dos que eu cometi, consciente ou inconscientemente, sabia que esse era o último.

Primeiro eu fique desesperada, tinha uma cascata de ideias infelizes, irracionais e dramáticas disparando meu coração. O que poderia ser pior?
Depois eu neguei pra mim mesma que aquilo tinha acontecido e tentei então, agir como se nada tivesse acontecido, mas não funcionou porque você não estava mais lá, você fez questão de esfregar na minha cara a sua indiferença. 
Depois eu tentei entender, buscar razões no cosmos, no divino pra um erro tão brutal ter acontecido porque eu precisava culpar alguém. Quando minhas buscas se tornaram evidentemente infrutíferas eu comecei a me culpar e a sentir um remorso que atravessava meu peito e deixava um vazio, um vazio enorme que fazia ecoar inúmeras vezes cada palavra de cada pensamento que me passava. Me senti fraca, deitei na minha cama e chorei. O que mais eu poderia fazer? 

Eu podia dizer que eu sentia muito, que não tinha feito por mal, que na verdade nem sabia como uma coisa tão absurda tinha acontecido e pedir desculpas. Muitas desculpas.

eu fiz.

e refiz.

Mas o erro foi mesmo muito maior do que eu, maior do que o que eu represento. Esse erro, mesmo acontecendo obviamente fora do meu controle é que determinou esse silêncio. Agora não ouço nada além dele, até meus ecos me abandonaram. 
Não sinto mais um vazio, eu sinto um peso, uma dificuldade pra respirar, um frio... É a sua ausência, é o meu silêncio.

Estou perdida. Sem norte, nem sul, nem leste, nem oeste.
Eu nao sei onde meu sol vai nascer porque a sua ausência é a ausência de luz e não há nada sem luz.

Então eu desisto.
Eu prefiro parar por aqui, enquanto minhas lembranças de você são felizes, ternas, quentes. Não quero ver quão cruel você é capaz de ser, eu já tenho uma vaga idéia e isso me basta.


Que você tenha sorte e que seja feliz.


FIM



"o segundo que antecede o beijo, a palavra que destrói o amor. quando tudo ainda estava inteiro no instante em que desmoronou".


quinta-feira, 5 de junho de 2014

Juntas


Hoje é dia de festa no D.M.P. ! Hoje, se concretiza um desejo antigo, hoje materializo o intendo real e sincero de trabalho e seriedade. 
Hoje nós damos as boas-vindas a uma menina linda ( digo gata mesmo, daquelas que se para para olhar), inteligente, meiga e com ideais consolidados e bem embasados! E além de tudo é minha amiga S2


Não podia perder a chance de postar essa foto. Minha amiga, Paula Calçade


Delentem-se com o seu primeiro texto aqui no D.M.P.



  Por Paula Calçade


Olá leitoras do Diário de Moda Plus!

Sou Paula Calçade, estudante de jornalismo e desde que me tornei mulher, podemos dizer assim, o interesse por moda despertou em mim. Mas reparava que as grandes revistas fashion, Vogue, Elle e L'officier, por exemplo, não representavam meu corpo e meu jeito de enxerga-lo, porque não sou magérrima ou rica, assim não me via nas top models ou vestindo os “looks” das passarelas e me perguntava quem eu seria para aqueles colunistas e estilistas.

Pois bem, o tempo passou, tomei consciência de muita coisa e percebi que, quem sabe, eu que não estava muito errada pensando assim, não era eu que estava longe dos padrões, e, sim, aquelas revistas! 

Como mulher, comecei a notar pequenas e grandes violências que sofremos todos os dias. Aí, talvez, você esteja se perguntando quais seriam elas, por que acho que sofremos mesmo se, muitas vezes, estamos bem e felizes, recebendo gentilezas e sorrisos sempre. 
Eu não tenho e não quero espalhar um olhar pessimista do mundo, muito pelo contrário, quero mostrar como podemos ampliar uma visão e atitude positiva, mas, infelizmente, nós, mulheres, enfrentamos algumas dificuldades no dia-a-dia.
Eu, com vinte anos nas costas, posso não entender profundamente esse mundo, mas já vejo bastante coisa. Aquelas violências, que eu citei, são os preconceitos que são jogados em cima de nós, é o culto à magreza, como temos que estar “perfeitas” o tempo todo, o assédio nas ruas, no trabalho, na faculdade, aquelas contadas indesejadas e inoportunas, ou aqueles julgamentos baseados em moralismo e formas estabelecidas e antiquadas ao nosso momento cultural,  os famosos “vadia”, “fácil”, “que não se dá ao respeito”, palavras e expressões que se mostram muito machistas ainda.

Desse jeito, gosto muito de falar por todas nós, falar do que nos incomoda e do que realmente queremos. Já faço bastante disso nas diversas redes sociais, com alguns posts e comentários defendo os direitos da mulher, sofro, às vezes, algumas represálias, mas não me arrependo não, faço isso porque me sinto feliz e realizada, acima de qualquer coisa.

Essa é a minha visão, mulheres devem ser livres para se vestir, comportar e expressar como desejam. Esse blog, para mim, vai ser mais um meio para eu falar um pouquinho disso tudo. Como colunista, quero falar de moda e comportamento do jeito que eu acho que pode ajudar vocês, leitoras!
Conheci a Mariah Silvestre há um ano, e desde então, a identificação foi mútua, ela uma moça de bastante personalidade e vontade de falar, e eu, engajada do jeito que posso.

Espero fazer o melhor aqui e me divertir muito também! Obrigada gente!


Nós

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Fenix


Por Mariah Silvestre



Era uma vez uma guria , que acreditava que podia fazer do mundo um lugar melhor para se viver. Ela teimava em enxergar nos outros beleza, mesmo que ninguém mais a enxergasse. Era uma vez uma guria, que acreditava que admirar alguém não implicava invejar esse alguém, uma guria que achava que todo mundo tinha mais é que ser feliz, porque a vida é curta e gastar qualquer minutinho que fosse desejando algo que não fosse o bem, era mais que perder esse minuto, era burrice.

Aí essa guria cresceu, aprendeu, conheceu e percebeu que nem todo mundo enxergava o mundo como ela. Ela percebeu que nem todo mundo lida bem com essa coisa de admirar alguém e essa admiração, às vezes, se transformava em ódio. Ela também percebeu que nem todo mundo consegue enxergar beleza nos outros, porque nem todo mundo se acha bonito, logo, não tem parâmetro pra saber o que é bonito. Ela percebeu que, apesar do fato de que ser feliz é mais fácil, há muita gente que se acomodou na tristeza, gente que não aprendeu que ser feliz é uma opção e mais, percebeu que a felicidade incomoda quem não é feliz.

Quando ela notou tudo isso, ela entendeu porque tanta gente tenta melhorar o mundo e não consegue. Ficou óbvio que para melhorar o mundo, não adianta ter só boa vontade, é preciso ser forte para entender que a briga não é com o mundo e sim com as pessoas que o compõem. E pior, ela percebeu que essas pessoas que precisam ser vencidas são as mesmas que serão beneficiadas com a melhora do mundo. Aí, ela começou a entender de fato o mundo.

Demorou, basicamente, um ano para ela entender que as pessoas, essas que não conhecem o estado feliz de si mesmas, são as mais amargas, aquelas que machucam mais fundo, porque ou não se acham bonitas, ou não lidam bem com a admiração, ou se acostumaram com o veneno que elas próprias produzem e não conseguem fazer nada além de críticas pessoais e nada construtivas. Essa guria notou que o terreno no qual ela pisava era traiçoeiro, percebeu que não é porque ela respeita as outras pessoas que elas a respeitarão também e que a mágoa é uma coisa que plantam no coração da gente, mas cabe a nós mesmo fazer frutificar ou não.

No meio de tudo isso, ela teve sorte. Ela conheceu pessoas diferentes, que como ela, acreditavam num mundo melhor. Pessoas que almejavam mais liberdade, menos hipocrisia, mais respeito, mais espaço para serem quem são. Demorou, exatamente, um ano para ela aceitar que as pessoas têm o direito de optarem pela infelicidade, mas não têm o direito de interferir na felicidade dos outros. Demorou esse um ano para ela entender que por mais que ela respeite os outros, nem todos conseguirão ser recíprocos, porque nem todo mundo se respeita então não aprenderam a respeitar ninguém ( o que ela acha muito triste). Ela criou os próprios antídotos para o veneno dos outros, ela conheceu ombros amigos nos quais ela pôde se apoiar e voltar a acreditar nas pessoas, ela viu que quem um dia a fez mal o fez por falta de opção, fez porque não sabiam fazer bem.

Aí ela decidiu voltar a escrever para o blog dela! :)


Esse post é para anunciar que o blog vai voltar e para agradecer todo mundo que me deu amor nesse período de desafios e conquistas.
Eu sou mais eu porque vocês existem!